terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Leitura Crítica da Mídia: Os desafios da Educomunicação


* Matérias publicadas originalmente no jornal Extra Classe (edição online, dezembro de 2018)  em versão editada. 


Os desafios do uso das mídias em sala de aula



Vinte anos se passaram entre o 1º Congresso Internacional de Comunicação e Educação e o 2º Congresso, realizados pelo Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo (USP), sedimentando o enlace entre estas duas áreas do saber. O mais recente, em novembro de 2018, foi marcado por constatações: a Educomunicação deve estar inserida nas políticas públicas e currículos; e, com a chegada de computadores e outras tecnologias às escolas, é hora de reforçar códigos de ética e uso responsável das mídias, proteger dados pessoais e combater a desinformação. 


Em São Paulo, o colégio particular Dante Alighieri e a Escola Municipal de Ensino Fundamental Casa Blanca reuniram este ano seus estudantes para discutir como se envolveriam nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Os jovens assinaram um documento dizendo: “Eu me comprometo a, em 2030, ter desenvolvido tais ações...” A ideia, diz o professor Ismar de Oliveira Soares (na foto à esquerda), é que a criança planeje sua relação de comunicação com o mundo na busca de soluções para os grandes problemas mundiais, saindo da individual para o coletivo. “Essa perspectiva é educativa e comunicativa. Daí o conceito e a prática da Educomunicação”, observa Soares, professor da ECA/USP e presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação (APBEducom). 






#pracegover: foto vertical. O professor Ismar

está em pé, na frente de uma parede vermelha,

ao lado de um banner do II Congresso

de Comunicação e Educação. Ele olha para

 a câmera. Está sorrindo. 











A Educomunicação pode assumir outros nomes, como Educação para Mídia ou Alfabetização Midiática e Informacional (Media and Information Literacy), mas o princípio é: não basta ter acesso à tecnologia. Professores e estudantes devem se envolver no processo de construção do conhecimento, discutir as implicações ética e responsabilidade das mídias no espaço escolar e na relação com o entorno.  “A interface Comunicação e Educação tem raízes na América Latina na metade do século XX, quando a sociedade marginalizada e os movimentos sociais lutavam por meios de expressão, a Comunicação Alternativa. Ao mesmo tempo se difundia pelo continente, a partir do pensamento de Paulo Freire, a Educação Popular”, conta Soares. O objetivo era colocar para a sociedade temas que a grande mídia desconsiderava e a educação não levava em conta, como meio ambiente, democracia, questões étnicas, raciais, de gênero. 



Em 2001, o Núcleo de Comunicação e Educação da USP recebeu o convite da rede pública municipal de São Paulo para ajudar a resolver o problema da violência nas escolas. “O sucesso da experiência se deve ao fato de que não foi dado um curso para professores, porém desenvolvidas experiências de práxis educomunicativas, com diálogo envolvendo professores, alunos e membros das comunidades escolares de 455 escolas”, recorda Soares. Sete administrações públicas depois, a Educomunicação segue inserida na rede de São Paulo desde o Ensino Infantil até o Fundamental.



Em outras escolas públicas e privadas, multiplicam-se projetos de Educomunicação. A rede das Irmãs Salesianas – Inspetoria das Filhas de Maria Auxiliadora, por exemplo, inseriu o conceito como referência de prática pedagógica em cinco continentes. “O que nos levou à Educomunicação foi a proximidade com a proposta do ensino preventivo”, disse a Irmã Márcia Koffermann, durante o Congresso.  Nos últimos 20 anos, 350 teses de Mestrado e Doutorado retratando experiências educomunicativas foram defendidas em 92 centros de pós-graduação. A Universidade Federal de Campina Grande (PB) lançou o Bacharelado em Educomunicação e a Escola de Comunicações e de Artes da USP criou a Licenciatura em Educomunicação. No RS, há experiências em universidades e escolas.  


Se antigamente a Educomunicação lutava pela expansão das oportunidades de comunicação, hoje discute como inserir a responsabilidade no uso de tecnologias na formação desde a infância. “As pessoas se apoderaram da mídia por um aprendizado intuitivo, com a perspectiva imediata de se sentirem autoras. As fake news são produto da abundância de canais, sem o necessário compromisso social para o seu uso”, explica Soares. 


As jovens Nataly Mendes, 13 anos; Bianca Barcellos, 14, Marina Raniere, 14, e Naira Rivelli, 14 (na foto acima), estudantes de SP, deram palestra e participaram da cobertura midiática do Congresso. Envolvidas com a elaboração de programas de rádio e vídeo na escola, sabem a importância da Educomunicação. “Creio que seja a fonte maior de aprendizado para mudar o mundo, olhar para as coisas de forma diferente e entender o que vemos a nossa volta”, resumiu Naira.


#pracegover: Bianca, Nataly, Marina e Naira estão em pé, olhando para a câmera, sorrindo, na frente de um fundo preto. Elas tem os braços entrelaçados.









 No Canadá, está nos currículos, mas na maioria dos países ainda são iniciativas isoladas 


Uma mobilização de professores de Ontário, no Canadá, criou em 1978 a Associação para a Educação Midiática (Association for Media Literacy) e hoje a Educomunicação é obrigatória e faz parte dos currículos escolares daquele país. “Na época não havia Internet, mas o grupo conseguiu se reunir e falar sobre suas paixões, se organizou e chamou a atenção dos administradores e do Ministério da Educação”, conta a professora Carolyn Wilson, da Faculdade de Educação da Western University, que esteve em São Paulo para o II Congresso Internacional de Comunicação e Educação, na ECA/USP, em novembro deste ano. “Alguns fatos podem ter ajudado, como a preocupação com a violência na televisão e o avanço da cultura norte-americana no mercado canadense”, reflete. 


Carolyn Wilson
A iniciativa daquele grupo provou ser visionária, segundo Carolyn. “Acreditamos que o público pode ser ativo na recepção da mídia”, diz. Alguns critérios para o sucesso deste movimento são o envolvimento de professores, pais e mães; o apoio das autoridades; o treinamento de profissionais nas faculdades de Educação e Comunicação; o desenvolvimento de estudos e pesquisas; consultoria para escolas e disponibilização de materiais relevantes para uso em sala de aula. A Associação realiza oficinas e conferências para disseminar informação e ajudar no desenvolvimento do currículo. Há muito material de apoio no site da Aliança Global para Parcerias na Alfabetização Midiática e Informacional da Unesco (GAPMIL, sigla em inglês), da qual Carolyn é presidente do Comitê Diretivo Internacional. 



Gianna Cappello



Na Itália, onde as atividades de Educação para Mídia não são obrigatórias, as iniciativas existem graças ao esforço de professores. “A Comunidade Europeia recomenda a Alfabetização Midiática como um fator que leva à cidadania”, lembra Gianna Maria Cappello, da Università degli Studi di Palermo, em Roma, e integrante da Associazione Italiana per l’Educazione ai media e alla Comunicazione, que há 27 anos realiza cursos de verão para treinar professores e profissionais. Existe tecnologia nas escolas, mas a habilidade de uso está ainda muito voltada para o mercado de trabalho. O interesse pela utilização dos meios se tornou maior recentemente com o evento das fake news. “A Educação para Mídia desenvolve o pensamento crítico”, lembra.





Gianna argumenta que a Alfabetização Midiática é apenas parte da solução do problema: “Precisamos fazer uma reforma dos meios. Se queremos a Internet como espaço livre, temos que ter regulação e transparência, quebrar monopólios comerciais, controlar o uso de dados pessoais”. Sugere que as empresas digitais paguem taxas a serem reinvestidas em programas de educação para os meios. “Empresas como Google e Apple não são neutras, precisam se alinhar à regulação da mídia”, observa. Preocupa a Gianna a inserção destas empresas nas escolas da Itália, oferecendo treinamento a professores, expandindo suas marcas.



Gullermo Orozco Gómez


Já existe atualmente um movimento de formação de redes de defesa das audiências em vários países para avaliar o conteúdo dos meios veiculados, inclusive na América Latina, informou, durante o Congresso, Guillermo Orozco Gómez, professor da Universidad de Guadalajara, no México, membro da Associação Latino-Americana de Investigadores da Comunicação. “Este é o momento para trabalharmos unidos mais do que nunca, de fazermos um movimento latino-americano de Alfabetização Midiática entendendo suas contradições”, convocou. 








 No RS, experiências criativas extrapolam fronteiras 



#pracegover: foto horizontal. Crianças da rede municipal de Porto Alegre filmam com um celular, que está apoiado num tripé feito de cano de pvc, outras crianças que estão sentadas, sendo que uma delas (uma menina), está com a mão levantada. Experiência de educomunicação em uma aula do prof. Jesualdo Freitas de Freitas (Foto: Arquivo Pessoal) 

Nas aulas de vídeo do professor de História Jesualdo Freitas de Freitas, da Escola Municipal de Ensino Fundamental (E.M.E.F.) Timbaúva, em Porto Alegre, os tripés para estabilizar a filmagem feita por ele e os estudantes são montados com canos de PVC, e terão rodas adaptadas de uma cadeira giratória para o movimento de câmera. “Todo mundo curte. Equipamento para nós é celular, não temos muitas possibilidades”, avisa. Alunos do turno inverso e da Educação Integral fazem oficinas de fotografia e vídeo. Outros professores perceberam as mudanças nos estudantes e passaram a colaborar. Freitas começou a atuar como educomunicador produzindo programas de rádio-poste com alunos da E.M.E.F. Chico Mendes em 2004. “No início, tinham vergonha de faltar, depois se soltavam”, conta. 

Freitas é um dos professores que já exercia a Educomunicação sem saber que tinha esse nome. Sua experiência está documentada em um blog e pode ser replicada em qualquer escola. Quando descobriu a APBEducom em 2012, passou a participar de encontros nacionais e regionais, como o Educom Sul. 

#pracegover: Jovens estão no pátio de uma escola. Duas filmam uma outra jovem que está com um microfone entrevistando um homem. Outras crianças estão paradas no pátio. Experiência de educomunicação em uma aula do prof. Jesualdo Freitas de Freitas. (Foto: Arquivo Pessoal)


A professora Rosane Rosa foi uma das pioneiras nessa área. Em 2008 deu início ao Programa de Ensino Pesquisa e Extensão Educomunicação e Cidadania da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O encontro Educom Sul nasceu sob a iniciativa de seu grupo de pesquisa Comunicação, Educação e Cidadania, ligado ao Programa de Pós-graduação de Comunicação Midiática e ao Programa de Tecnologias Educacionais em Rede da UFSM, com a proposta de ser itinerante para expandir a Educomunicação no Rio Grande do Sul. A primeira edição foi na UFSM, a segunda na UNIJUÍ, a terceira na PUC. “Sempre teve parceria com a Secretaria Estadual de Educação e a Coordenadoria Regional de Educação do local, com vagas reservadas para professores da rede pública, priorizando quem desenvolve projetos educomunicativos e políticas envolvendo Comunicação e Mediação Tecnológica”, observou. Ela concedeu esta entrevista por e-mail, de Maputo, onde atualmente atua no Projeto de Educomunicação Intercultural entre Brasil e Moçambique.

#pracegover: A professora Rosane Rosa em uma aula em Moçambique, onde realiza trabalho de educomunicação. Na foto, ela está em pé, falando para um grupo de pessoas que estão sentadas próximo a mesas com computadores. As pessoas estão olhando para a professora. Rosane gesticula.  (Foto: Arquivo Pessoal)


O próximo Educom Sul será na UFRGS, em data a ser definida, reunindo profissionais e pesquisadores de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.  “Será um momento para que as pessoas se conheçam, façam parcerias”, informa Evelin Haslinger, mestre em Ciências da Comunicação e integrante do Núcleo da ABPEducom RS. 


#pracegover: A educomunicadora Evelin está sentada (é aprimeira à esquerda, olhando para a câmera) com um grupo de jovens do Mostratec Júnior. (Foto: Arquivo Pessoal) 


Evelin é educomunicadora voluntária na Mostratec Júnior, projeto da Fundação Liberato, e em cursos para professores e jovens em situação de risco social. “Estamos diante de uma sociedade que tem muitas informações e tecnologias, mas não sabe lidar com tantos recursos. A Educomunicação permite reflexões: precisamos do conhecimento, das técnicas, mas acima de tudo precisamos ser solidários e humanos, respeitar e compreender os jovens”, acredita. 

Em sua dissertação de Mestrado intitulada “Era uma vez Frozen: o conto de fadas e suas ressignificações na circulação midiática”, Evelin mostra como as pessoas se apropriaram da personagem da Disney e da música “Let it go”, produzindo outros significados, como memes e paródias na Internet. “Trouxe elementos para contribuir com o contexto atual educacional, em que jovens não querem mais receber conteúdos prontos ou decorar, querem o protagonismo, já produzem vídeos, criam blogs. Muitos destes conteúdos são reflexivos. Nas mídias sociais encontramos espaço fértil para estimular a criatividade”, avalia, e acrescenta: “Não preciso da melhor tecnologia para trabalhar com Educomunicação, mas de uma boa relação com os educandos, para trazê-los a uma gestão democrática e compartilhada da interface Educação e Comunicação”.





segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Leitura Crítica da Mídia: como argumentar usando a comunicação para a paz?


OFICINAS DE COMUNICAÇÃO PARA A PAZ: 
Argumentos para debater e (se) informar dentro da cultura da não-violência

Jovens do Polo Marista de Formação Tecnológica participaram de oficinas com a jornalista Clara Glock e a psicóloga Cris Bruel, entre outubro e novembro de 2018, em que tiveram a oportunidade de treinar, em júris simulados, a argumentação através da valorização da palavra, do conteúdo das mensagens e do comportamento não violento. 

Os temas foram "A culpa é da roupa?" sobre violência contra mulheres, e "Cota é esmola?" sobre as cotas raciais nas universidades. 

O resultado foram dois julgamentos simulados, que podem ser vistos nos vídeos. As discussões que precederam a fase de elaboração de argumentos se basearam na análise crítica de notícias, programas de televisão, músicas, publicações em redes sociais e textos de especialistas. Foi uma atividade rica em trocas de experiências e conhecimentos.






quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Leitura Crítica da Mídia: um guia para quem quer fazer programas de rádio ou radioweb


A comunicação é para todos e todas e é direito de todos e todas. Brasileiros e brasileiras têm o direito à informação e à expressão garantidos pelo artigo 220 da Constituição Federal. O Brasil assinou o Pacto de San Jose da Costa Rica, em 1969, que prevê que toda pessoa é livre para receber e difundir informações, sem que haja abuso de "(...) controles oficiais ou particulares de papel de imprensa, de frequências radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação". 

Assim diz o texto que abre a cartilha Para fazer Rádio Comunitária com "C" Maiúsculo, organizado por Ilza Girardi e Rodrigo Jacobus (Revolução de Ideias, Porto Alegre, 2009): além de receber informação, cada pessoa pode também comunicar, ou seja, pesquisar, produzir e distribuir informações através de diversos meios de comunicação, abordando assuntos que domina, contando sobre a realidade em que vive, os problemas que ela e a vizinhança encontram, as novidades que interessam à comunidade. 

Muito antes do avanço das redes sociais, o rádio cumpria esse papel. Hoje, com o avanço dos Podcasts (programas de áudio que podem ser ouvidos online, por celulares inteligentes ou no computador), é ainda mais importante observar as dicas deste guia. 

A cartilha está disponível na Internet neste link: https://webresearch.files.wordpress.com/2009/07/cartilha.pdf


terça-feira, 2 de outubro de 2018

Leitura Crítica da Mídia: como identificar fotos e notícias falsas nas redes sociais?

A DW Brasil tem publicado vídeos que ajudam a identificar fotos e notícias falsas e manipulação de dados. Confira nestes links:


Como não cair em fake news:
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=10155660951293520&id=338998993519&_rdr


Como é selecionado o conteúdo que aparece no seu feed de notícias?
https://www.facebook.com/dw.brasil/videos/10155666613513520/








E aqui Gregório Duvivier explica como funcionam os sites de Checagem de Fatos:












terça-feira, 4 de setembro de 2018

Leitura Crítica da Mídia: a importância da memória e dos museus

O Museu Nacional UFRJ incendiou no dia 2 de setembro de 2018.

Por que este e outros museus são tão importantes?

A Seção de Assistência ao Ensino do Museu Nacional disponibilizou em janeiro de 2015 um vídeo para apoio didático na área de história natural a educadores e educandos  A visita mediada resumia e guiava o espectador pelas salas históricas e peculiaridades das exposições científicas. Neste vídeo, os espaços expositivos da então mais tradicional instituição brasileira de pesquisa e ensino em história natural foram apresentados por dois jovens mediadores: Jade Almeida e Henrique Sobral.

Argumento e texto: Fernando Moraes
Direção: Fernando Moraes e Mauricio Salles

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Leitura Crítica da Mídia: Violência contra mulheres em DADOS


A plataforma digital Violência contra as Mulheres em Dados reúne pesquisas e dados recentes relacionados às violências contra as mulheres no Brasil, com base no monitoramento e curadoria realizados pelo Instituto Patrícia Galvão – com foco na violência doméstica, sexual e online, no feminicídio e na intersecção com o racismo e a LGBTTfobia.

Na plataforma estão reunidos os destaques de cada estudo e sínteses produzidas pela equipe do Instituto a partir da consulta a documentos de referência e entrevistas com especialistas, que ajudam a contextualizar os dados apresentados.

Com apoio do Instituto Avon, a plataforma tem o objetivo de estimular e subsidiar a divulgação de informações e o debate sobre questões críticas em relação à violência contra as mulheres no Brasil – seja por jornalistas, comunicadores, ativistas, gestores, profissionais que trabalham com o tema, estudantes e interessados em geral. A ideia é que os materiais da plataforma possam ser usados e compartilhados no debate público para promover uma ampla reflexão não apenas sobre os índices de violência de gênero, mas como transformá-los, e alertar que por trás das estatísticas alarmantes há vidas e trajetórias violadas pela naturalização e perpetuação da violência.

Dados confiáveis e fontes diversas e qualificadas são essenciais para dimensionar o problema, contextualizar o debate e pautar as transformações culturais e políticas públicas necessárias para reverter o grave quadro da violência de gênero.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Leitura Crítica da Mídia: Comunicação e o Golpe de 2016




No dia 17 de julho de 2018, Porto Alegre sediou um debate sobre "Comunicação e o golpe de 2016" durante a Feira Brasileira de Opinião - Contragolpe realizada no Memorial Luiz Carlos Prestes.



A mediação foi da jornalista Katia Marko. Participaram do debate: Ayrton Centeno, do jornal Brasil de Fato RS, Alexandre Haubrich, do Jornalismo B, Marco Aurélio Weissheimer, do Sul 21, e Angélica Coronel, servidora da Fundação Piratini (TVE e FM Cultura).




O debate foi gravado com a Rádio Maleta (Rádio Móvel) criada pelo Polo Marista de Formação Tecnológica.










Clique AQUI e ouça o debate na íntegra 










Saiba mais sobre a Feira Brasileira de Opinião clicando AQUI




quinta-feira, 5 de julho de 2018

Leitura Crítica da Mídia: Dedo na Ferida da economia





Ficha técnica:

Direção e Roteiro: Silvio Tendler
Produção: Maycon Almeida
Fotografia: Lúcio Kodato, ABC
Montador: Fransciso Slade
Distribuidora: Caliban Produções




“Dedo na ferida” discute o controle dos governos pelo capital financeiro. O documentário busca compreender a cadeia de relações políticas que põe o Estado cativo do interesse privado. Investiga o porquê do “zelo” das contas públicas nacionais pelas grandes corporações transnacionais e questiona se esse cuidado não seria uma escolta para que o capital privado drene recursos públicos. “Dedo na ferida” questiona o discurso das autoridades econômicas de que não se pode gastar mais do que se arrecada. E sugere, para romper tal ciclo de submissão, o fortalecimento da democracia como resistência à ideologia da economia privada.

“O Estado está quebrado, não tem como honrar seus compromissos!”. Ministros da economia, consternados, anunciam: “temos que apertar os cintos e cortar o gasto, mas o futuro – se fizermos direito – nos aliviará”. Grécia, Espanha, Argentina, Brasil, populações inteiras têm de encarar fome, desemprego, violência. Alguns, no entanto, não parecem desanimados. Grandes corporações, em especial bancos, fundos de investimento, seguradoras, nunca estiveram tão bem. A cada ano ficam mais robustos, ousados e ricos.

A rede da prosperidade, composta por reduzidíssimo número de empresas, vai expandindo seu domínio e não dá aos demais alternativa, salvo a mais austera – cortar, conter, poupar. A terra é cercada, a praça é fechada, está tudo dominado. Sitiado, o Estado fará todos os esforços para garantir a confiança do credor. Instituído como garantia dos valores comunitários ante os apetites individuais, o Estado hoje se desintegra.



Saiba mais sobre Silvio Tendler e a Caliban Produções Cinematográficas clicando AQUI



Silvio Tendler, por Gabriela Nehring



“O meu cinema é uma tentativa de participar das lutas políticas por transformação.”
SILVIO TENDLER



segunda-feira, 25 de junho de 2018

Leitura Crítica da Mídia: Preconceito, violência, misoginia: tá tudo nas músicas!



Dessa arma não saem balas que matam, mas palavras que conscientizam

Desde o cantor Sidney Magal cantando “Se te agarro com outro te mato, te mando algumas flores e depois escapo” a Elza Soares com seu vozeirão explicando que vai pegar o celular, ligar para o 180, e que o agressor vai se arrepender de levantar a mão pra ela, muito tempo se passou. Entre estas duas músicas – “Se te agarro com outro te mato” e “Maria da Vila Matilde” – gerações de mulheres sofreram e sofrem com a violência. Para estudantes que são craques em videogames, frequentam o Facebook, o Youtube, e a Internet em geral, fica fácil identificar as letras de músicas que transmitem preconceitos, misoginia, estímulo à violência contra mulheres, negros e negras, pobres, trans, gays, lésbicas, diferentes em geral – desde que se proponham a PARAR, ESCUTAR, PENSAR, REFLETIR.

Pois música é assunto para discutir em sala de aula, sim! Música também é um canal para estimular a reflexão e questionamentos. Nas oficinas de leitura crítica da mídia que realizei entre maio e junho de 2018 com estudantes do Trabalho Educativo do Polo Marista de Formação Tecnológica, localizado no bairro Mario Quintana, em Porto Alegre (RS), alunos e alunas ouviram músicas do passado e do presente, analisaram letras, descobriram o significado mais doloroso de palavras como feminicídio e racismo, conheceram figuras como Dandara, escutaram Karol Conka, Criolo, Chico Buarque, Bia Ferreira, MC Soffia, Kell Smith, Elza Soares. Constataram que Já teve um tempo em que, nas marchinhas de carnaval e no som de cantores como Luís Caldas, as negras eram agredidas porque tinham cabelo duro, mas hoje se orgulham e saem às ruas bradando seus crespos. E se foi graças a uma ação de mulheres via redes sociais que MC Diguinho teve que pedir desculpas por apologia ao estupro em “Só surubinha de leve”, ainda persistem outras músicas com o mesmo teor.


Na Oficina de Alfabetização Midiática e Informacional – nome formal para o trabalho de conscientização em sala de aula utilizando as mídias como base -, se aprende que é preciso deixar de ser ingênuo e repetir (ou compartilhar) sem pestanejar tudo o que nos é imposto através da televisão, do rádio, do jornal, das revistas, da Internet. Quem repete tudo sem pensar é marionete. Na vida real, as consequências podem ser fatais. Isso inclui músicas que estimulam o uso de drogas lícitas, como o álcool, por exemplo: “Te amando mais que pinga” (Antony e Gabriel, Munhoz e Mariano), ou “Não paro de beber” (Gusttavo Lima). Temas que ganham força especialmente quando associados a festivais, rodeios, festas patrocinadas por....grandes empresas de bebidas alcóolicas, como cervejas, não por acaso! E isto também é motivo de reflexão.


As salas de aula podem e devem ser lugares para se fazer um contraponto e aprofundar essa enxurrada de informações que vêm inclusive através das músicas.



Na busca por letras que cantam e encantam jovens de agora, podem estar as do jovem Chico Buarque de Holanda que compôs “Cálice”, e a do adulto Chico Buarque de Holanda que colocou sua voz e história para incrementar o poder das músicas “O Trono do Estudar” (sobre as ocupações escolares por estudantes em 2016) e “Manifestação” (sobre a Declaração de Direitos Humanos, homenagem da Anistia Internacional). A partir da poesia musicada de Bia Barbosa, pode-se aprender por que “Cota não é esmola”, quem foi Dandara, e até buscar conhecer escritoras jovens como Jarid Arraes – uma palavra leva a outra palavra, que leva a conhecimentos. E O Rappa ensina que “Paz sem voz, não é paz, é medo”. Onde se tem paz sem voz no Brasil? Como se bate a poeira para celebrar as diferenças, como canta Karol Conka? Qual é o meu lugar de fala, como entoa Elza Soares?

Pois a turma do Trabalho Educativo parou, refletiu e produziu sua própria música. E ilustrou cada trecho quadro a quadro (com massinha de modelar), para uma animação em vídeo, e em desenho. O desafio era reproduzir, em pouco tempo, em uma letra de música, situações de conflito. E, mais importante: que não terminassem em violência ou morte. Nota 10 com louvor! O resultado está nas fotos e na letra a seguir.




Dessa arma não saem balas, mas palavras!



A seguir, a música criada por estudantes do Trabalho Educativo:




Nascido e criado nas ruas da Rocinha

Bernardo tinha muita rebeldia,

Gostava do seu primo, porém não se assumia,

Igual a sua mãe desconfiava todo dia,

Certo dia, Bernardo chegou e pediu para conversar

Pera aí, mãe, senta aqui que agora vou explicar,

É um negócio meio complicado,

Mas eu vou ter que falar,

Eu sou gay e tu vai ter que aceitar

Tudo bem, meu filho, eu vou aceitar, não fique preocupado, mamãe vai ajudar...


a turma produzindo a música com instrumentos de percussão improvisados

*Temos que falar

Não podemos nos calar

Nossa alma não tem cor

Mas sim, tem valor

Diversidade,

Direito,

Respeito,

Igualdade*(2x)









Nascidas e criadas,

Nas periferias,

Maras, Daras, Claras

Guardavam suas angústias,

E eram sempre as que sofriam,

Num certo momento, se juntaram e foram à delegacia

Relataram que apanhavam todo dia

E lá deram basta à covardia







*Temos que falar

Não podemos nos calar,

Nossa alma não tem cor,

Mas sim, tem valor,

Diversidade,

Direito,

Respeito,

Igualdade *(2x)







Esse ano é de Copa e eleição,

O que fazer para conscientizar,

A nova geração?



(BONUS)

Falam que a geração atual é Coca-Cola, estão privatizando tudo, até a cultura e a escola

Mas nosso aprendizado é política, é conhecimento

Tá nos nossos direitos!

Se a educação tá precária, vamos lutar para melhorar











quarta-feira, 16 de maio de 2018

Leitura Crítica da Mídia: Agrotóxicos no Brasil



O Atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, elaborado pela profa. Larissa Mies Bombardi, da Faculdade de Geografia da USP, traz um levantamento minucioso sobre o consumo de agrotóxicos no Brasil e faz um paralelo com o que acontece na União Europeia. 


Para acessar o conteúdo do Atlas clique AQUI








segunda-feira, 7 de maio de 2018

Leitura Crítica da Mídia: Textos sobre o incêndio do prédio no Largo do Paissandu (SP)

São Paulo 01/05/2018 Foto Paulo Pinto/FotosPublicas


Sugestão de textos sobre o incêndio no edifício Wilton Paes de Almeida localizado no Largo do Paissandu, centro de São Paulo, no dia 1º de maio de 2018


Matemática - Luis Fernando Verissimo


O presidente Abraham Lincoln escolheu o general Ulysses S. Grant para liderar as forças do Norte na Guerra Civil americana porque Grant, segundo Lincoln, não tinha medo da matemática.
Além de ser um reconhecido estrategista, Grant não hesitava em ordenar ataques frontais ao inimigo sabendo que a contagem de baixas seria horrorosa. A tétrica aritmética da Guerra Civil americana só seria superada pela da Grande Guerra de 1914, quando milhares de vidas podiam ser sacrificadas num só dia por nada – como na batalha do Somme, em que 50 mil soldados ingleses morreram avançando contra fogo alemão sem que um metro de terreno fosse conquistado. Na verdade, mais de três milhões de seres humanos foram sacrificados nos três anos da Primeira Guerra Mundial sem que a frente de batalha se movesse, para um lado ou para o outro, mais de algumas milhas. Nos dois lados havia generais dispostos a enfrentar a aritmética. Durante três anos, generais, governantes, políticos, intelectuais, imprensa e povo dos dois lados conviveram, patrioticamente, com a aritmética. Justificando-a ou – o mais cômodo, pelo menos para quem não estava numa trincheira – ignorando-a.

A Guerra de 14 foi um exemplo extremo de estupidez militar e civil e até hoje historiadores discutem as causas reais de tamanha insensatez coletiva. Mas ela teve seus justificadores. Era a Europa liberal resistindo ao militarismo alemão. A Guerra Civil americana também tinha tido, pelo menos na superfície, a justificativa nobre da abolição da escravatura. A aritmética do terror aéreo que a Alemanha lançou na outra grande guerra, a Segundona, depois de ensaiá-lo na Espanha, teve por trás o sonho pan-germânico de Hitler, que só virou coisa de louco porque ele perdeu. A aritmética dos campos de extermínio nazistas era justificada pela purificação da raça ariana. A aritmética dos bombardeios gratuitos de Dresden e de Hiroshima e Nagasaki se justificava como castigo para quem tinha começado a guerra. A aritmética dos gulags e dos expurgos stalinistas se justificava pelo ideal comunista. A aritmética do terrorista suicida palestino se justifica por uma causa, a aritmética da represália israelense se justifica por outra. E há tantas maneiras de ignorar a aritmética como há de defendê-la, ou exaltá-la como uma virtude militar, como Lincoln fez com Grant.

No Brasil convivemos com a desigualdade e com um exército de excluídos que não são menos vítimas de um descaso histórico por serem um genocídio distraído, com o qual nos acostumamos. Mas a matemática do descaso histórico nos bate na cara todos os dias.

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Como o país do auxílio-moradia tem moral para expulsar pobres de ocupações?


Leonardo Sakamoto 





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A política habitacional da prefeitura e do governo do Estado, hoje, produz ocupações


Raquel Rolnik


Leia em https://raquelrolnik.wordpress.com/2018/05/07/a-politica-habitacional-da-prefeitura-e-do-governo-do-estado-hoje-produz-ocupacoes/


Casas sem gente, gente sem casa: entendendo o problema, pensando soluções


Raquel Rolnik




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A jornada de uma boliviana, do trabalho escravo à ocupação em São Paulo


Leandro Machado
Da BBC Brasil em São Paulo



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OBSERVATÓRIO DE REMOÇÕES
Mais famílias sem teto a cada remoção: conheça o novo mapa das remoções e ameaças 2017/2018


Leitura Crítica da Mídias: Sugestão de Textos

Textos que ajudam a entender como se dá a manipulação de ideias através dos meios de comunicação:


Prefeito FM

Controle de emissoras de rádio favorece políticos, indica pesquisa


Fonte: Intervozes/Carta Capital

"(...) com raras exceções, a maior parte dos 94 prefeitos radiodifusores eleitos em 2016 atua em cidades pequenas, nas quais a única fonte de informação local disponível é justamente a rádio da qual são donos. Uma vez controlada essa fonte de informação – um virtual monopólio sobre a circulação de notícias políticas naquela localidade –, o prefeito radiodifusor pode definir a seu bel prazer quais temas serão abordados na programação da sua rádio, quais fatos políticos serão ignorados e, principalmente, pode atuar para calar a oposição, ao negar-lhe acesso à mídia local. Isso sem contar que, depois de eleito, irá dispor, nos quatro anos seguintes, de uma poderosa ferramenta de propaganda política, que lhe ajudará a garantir uma possível reeleição ou a pavimentação do sucesso eleitoral de um sucessor do seu mesmo grupo político.

Leia o texto completo AQUI:  https://www.cartacapital.com.br/blogs/intervozes/controle-de-emissoras-de-radio-favorece-politicos-indica-pesquisa



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O algoritmo é mais embaixo

Fonte: UOL




Leia o texto completo AQUI: https://tab.uol.com.br/crise-facebook/#tematico-1



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terça-feira, 10 de abril de 2018

Leitura Crítica da Mídia: Direito à Comunicação e Internet





Alguns dados interessantes trazidos pelo relatório:

- Atualmente, cerca de 54% dos lares no mundo tem acesso à Internet, com taxas desiguais nos recortes geográfico (índices maiores no Norte Global e menores no Sul, especialmente África) e de renda. Para os conectados, a entrada tem se dado apenas pelo e para o consumo.

- No mercado digital, os dados pessoais se tornaram o novo petróleo da economia, representando, segundo o jornal El País, uma média 8 centavos de dólar por pessoa. Este é o valor que empresas interessadas nas informações de internautas pagam para montar bancos de dados a partir da coleta massiva e indiscriminada de informações na rede. Essas informações são posteriormente usadas para mapear e visar perfis específicos com hábitos de compras, preferências pessoais e até orientações políticas.


- Na Europa, o Facebook, uma das redes sociais que está entre as maiores empresas que coletam dados pessoais dos usuários, foi multado pela Agência Espanhola de Proteção de Dados (AEPD) em 1,2 milhão de euros por violar as regras de privacidade do país. A Agência constatou que a empresa recolhe, armazena e utiliza dados dos seus usuários, incluindo os que são protegidos para fins publicitários, sem autorização nenhuma das pessoas.


- No Brasil, um exemplo da disseminação desta prática vem de uma grande rede nacional de supermercados, que criou um aplicativo - chamado “Pão de Açúcar Mais”, que já foi baixado por mais de 500 mil pessoas - para oferecer descontos em diversos produtos. Mas aí vem a pergunta: o que a empresa ganha com isso? A resposta é: os dados pessoais dos usuários do aplicativo. Apesar do negócio do Pão de Açúcar não ser tecnologia, a partir do momento em que a empresa tem acesso aos dados de seus clientes, fornecidos como condição para o uso do aplicativo, pode fazer os mais diferentes usos deste banco de informações. O mesmo vale para a TV Globo, que tem coletado dados massivamente de seus telespectadores por meio de uma campanha de envio de vídeos para a emissora e do novo cadastro exigido para quem quiser participar das votações do Big Brother Brasil.

"Práticas como essas são abusivas e tornam o cidadão refém das grandes companhias da Internet, limitando sua presença na rede ao consumo, impedindo seu empoderamento digital e o uso autônomo da rede e, consequentemente, violando seu exercício do direito à comunicação no mundo conectado".


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terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Leitura Crítica da Mídia: Desafios à Liberdade de Expressão no Século 21

A revista “Desafios à liberdade de expressão no século 21”, lançada em fevereiro de 2018 para celebrar uma década do escritório da ARTIGO 19 em solo brasileiro, reúne  artigos com reflexões acerca de temas como o papel dos algoritmos na distribuição de informações na internet, a articulação em rede de grupos sociais historicamente marginalizados e o fenômeno da desinformação que vem sendo impulsionado pela disseminação de “notícias falsas”, também conhecidas como “fake news”.

“Escritos por especialistas em suas respectivas áreas, os artigos expõem os principais desafios e potencialidades que as novas tecnologias da informação têm colocado para a sociedade, além de tocar em questões não tão novas porém ainda relevantes, como a radiodifusão e o direito autoral. Estamos oferecendo ao público um material de qualidade para o debate em torno do nosso tema de trabalho: a liberdade de expressão e informação”, afirmou Paula Martins, diretora-executiva da ARTIGO 19. 

Ilustração integrante da revista "Desafios à liberdade de expressão no século 21”

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