domingo, 5 de abril de 2015

Leitura Crítica da Mídia: Criolo e o racismo



Ao lado do pai, Cleon, o rapper Criolo, nascido na Favela das Imbuias, zona sul de São Paulo, fala sobre desigualdade social, sobre a falta de perspectiva dos jovens da periferia, preconceito e racismo. E conta como seu pai, ao levá-lo para ser socorrido num hospital após um acidente doméstico, foi acusado pelos próprios funcionários do hospital de tê-lo sequestrado.

Por Claudia Belfort e André Caramante (PONTE Segurança Pública, Justiça e Direitos Humanos)

Imagens e edição: Gabriel Uchida e Leonardo Lepri



Nesta entrevista para a jornalista Marília Gabriela (2012), Criolo conta um pouco de sua história:







Andar Como Terrorista 
Criolo


Desta vez o canhão não será necessário,
Andar como terrorista.. fortemente armado!
Desta vez o canhão não será necessário,
Andar como terrorista.. fortemente armado!
Desta vez o canhão não será necessário,
Andar como terrorista.. fortemente armado!

Fica na moral
Rap nacional original
É da favela
Eu moro nela
Não viro as costas
Lá no terrão garotos jogando bola
Quem vende uma droga
banca o macarrão com frango no domingo
Se tá me ouvindo? é natural
Uma verdinha..
A tardinha
Isto é relato não é apologia
O crime não compensa
Não caia numa fria
Os ladrões, os traficantes cada um tem sua biblia
O tamanho da carta profundidade da ferida
Varios na área foram presos
Rua três é o desepero grajaú é o lampejo
Quero a sul sem pesadelo
Sistema só da desprezo
Pega o cano e senta o dedo

Ai mermao.. para com isso..
Uma vitória do corinthians
Me deixa relaxado
Raxo o coco com sabotage nego doido retardado
As autoridades..
não querem isso
Nossa amizade representa um perigo
Quem senta o dedo não pensa duas vezes
Mata ou morre com a pá do mundo dos prazeres
Pra aqueles, que bancam o terror la na favela
E banca policial que mata, por um salario de merda

Rima que não da tregua
tô farto dessa guerra
Plantam a miseria e o terror la nas favelas

Desta vez o canhão não será necessário,
Andar como terrorista.. fortemente armado!
Desta vez o canhão não será necessário,
Andar como terrorista.. fortemente armado!

4,3,2,1 bum a bomba foi ativada
Uma explosão de rimas onde pega faz desgraça
Invade, invada, invasão vamo invadi
Por todos os lados otarios
Vo perseguir
Quem arquiteta vingança colabora com a matança
A morte vai na ciranda
Quem tem dois já se levanta
Arma de fogo arma branca
Matam homem matam mulher
Matam velhinho matam criança
Matam até esperança
"jota lee"? tá na lembrança
Deixe cuide das almas dos inocentes
Vitimas da ignorancia
Ai maluco
Enquanto ignorancia
Cocaia não da boi sobe até mosca de boi
Vacilou você já foi
não da tempo nem de fala um oi
O imbecil que atirou levou a vida do meu amigo
Se entrou na mira é seu inimigo
A cegueira do ódio me leva pro desatino
cadê o safado me mostrem
Que eu desativo
Mentalidade do assassino
Carnificina que concluiram
Presente não vale nada
Que o futuro não seja vala
Estou falando serio
não ouse em pensar o contrario
não dorme e colabore com a pasta do obituario

Deixe o berro de lado..
Deixe o berro de lado..
Deixe o berro de lado..

Armamento pesado
Na web conectado
Cabeça vazia sendo oficina do diabo
Um pouco de maldade já faz o maior estrago
Devastação do soberbo, demonio com cavalo alado
Delicado.. assunto delicado..
Gramatura de papel couche
Se o trapo é de touche
Quem desafia pode morre
Quem aceita vai perecer
O tempo vai te dizer
Só os verdadeiros vão viver
Os da moda soquem soquem o microfone
No rabo!

Canto rap por aqui
Ele mais que um desabafo
a gente modifica a dor
Depende do orador
Miseravel do locutor mediocre que destorce os fatos

Camisa de força não me segura
Mordaça aqui não me anula
Minha freestyle só tortura
Minha mente você atura
Composições do kama sutra, complexas..
Eu te esculacho

Quem não da valor a vida esta tremendamente equivocado
Pelo menos por um dia deixe o bérro de lado
Niquilado que aniquila miolos
(mãos pra cima) ficam esparramados

Até quando a ferramenta resolverá seus desagrados
Até quando a violência reinará neste condado
Sangue jorra, tô fora, paz é o que importa tô ligado
O perigo mora ao lado, faço um ato solidário
Pelo menos por dia que o canhão não seja necessário